quinta-feira, 18 de julho de 2013

UMA HERANÇA INESTIMÁVEL - 65 ANOS DE ORGANIZAÇÃO DA IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL DE CAMILÓPOLIS

[ TEMPLO, QUE SUCEDEU O PRIMEIRO SALÃO DE CULTOS ]

O dia 18 de julho marca um momento significativo para os evangélicos de Santo André, a União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, e especialmente para todos quantos tem algum tipo de ligação com a Igreja Evangélica Congregacional de Camilópolis. Pois, neste ano de 2013 celebram-se os 65 anos de organização dessa igreja. Tive o grande privilégio de frequentá-la durante toda minha infância e início da adolescência. Meus avós e pais participaram de sua fundação e seu desenvolvimento. Através de dedicados servos de Deus não apenas ouvi a mensagem salvadora do Evangelho, sendo levado a crer em Cristo pela obra gloriosa do Espírito Santo, mas também fui ensinado acerca das doutrinas contidas na Bíblia, a honrar a Deus com minha vida, a cultuá-lo, a testemunhar de seus gloriosos feitos, a preservar o universo, a ser grato, a honrar meus pais, a amar e respeitar as pessoas. A Igreja Evangélica Congregacional de Camilópolis é herdeira do primeiro trabalho evangélico a ser organizado no Brasil, que deu origem a IGREJA EVANGÉLICA FLUMINENSE, sediada na cidade do Rio de Janeiro, na rua Camerino nº 102, organizada em 11 de julho de 1858, fruto do  trabalho missionário desenvolvido pelo Dr. Rev. Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley. 

[Rev. Dr. Robert Reid Kalley]

O Rev. Robert Reid Kalley (08.09.1809 - 17.01.1888) foi médico e pastor escocês. Desenvolveu profícuo trabalho missionário em nosso País, nos tempos do Império, durante 21 anos, ao lado de sua segunda esposa, Sarah Poulton Kalley. Chegaram em nossa Pátria no dia 10 de maio de 1855, iniciando no dia 19 de agosto do mesmo ano, em Petrópolis, onde foram residir, as bases da primeira Escola Dominical do Brasil.  Nessa oportunidade  Dª. Sarah Kalley contou a história de Jonas a cinco crianças. Essa foi a primeira Escola Dominical em solo brasileiro, cujo funcionamento não foi interrompido. A data é considerada a do início do trabalho evangélico no Brasil, em língua portuguesa de caráter permanente. Sarah Poulton Kalley (1825-1907), além de todo o apoio dado ao esposo, destacou-se especialmente no trabalho missionário realizado nossa Pátria, fundando a primeira união auxiliadora feminina em 11.07.1871 e participando da organização do primeiro hinário evangélico brasileiro, o SALMOS E HINOS, sendo que cerca de 200 hinos são de sua autoria. O trabalho missionário do casal Kalley contribuiu para o surgimento das Igrejas Evangélicas Fluminense e Pernambucana, além de expandir o evangelho para diversas regiões do Brasil, e deu origem a União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.

[Sarah Poulton Kalley]

Com o passar do tempo, através do trabalho dedicado de leigos e pastores, os frutos das atividades missionárias iniciadas pelo casal Kalley, mediante a Graça de Deus, começam a atingir variadas regiões do pais. E, por fim chegam a Camilópolis, uma pequena vila em formação, do hoje bem desenvolvido e importante município de Santo André, no estado de São Paulo. O bairro de Camilópolis era conhecido com "vila sem reboque", porque as casas não eram revestidas por fora, as ruas eram sem calçamento, não havia água encanada. No início da década de 40 do século 20 chega a esse bairro, oriundo da cidade Santos, o Presbítero Juvenal Augusto Soares Feliciano, acompanhado de sua esposa, Aurora, e dos filhos Joel, Rute, Àurea ("Didi"), Gessy, Juvenal ("Dudu"), Sulamita ("Sula"), Janete, Valter, Roberto e Heraldo; foram residir na rua do Centro nº 721. Juvenal era  funcionário da prefeitura, e além de outros melhoramentos trazidos para o bairro, graças a sua iniciativa, destaca-se a construção do cemitério de Camilópolis. Distante de sua igreja de origem, e sem nenhuma outra que pudesse frequentar, Juvenal, crente fiel e zeloso, nunca deixou de realizar em sua residência, com a participação de sua numerosa família reuniões de estudo bíblico e adoração ao Senhor. Mas, ele tinha um coração apaixonado pelas almas perdidas, e desejava transmitir aos moradores daquele bairro a mensagem do evangelho de Cristo Jesus. 




[Juvenal e Aurora Feliciano]


Passou a convidar a vizinhança para participar dos cultos. Em frente a sua casa residia uma família oriunda da cidade de Rio Claro. A família Oliveira. Guilherme Alves de Oliveira era o dono da casa. Homem simples, entusiasmado, de alegria e gargalhadas contagiantes; sanfoneiro, promovia bailes em sua casa, ao mesmo tempo em que Juvenal realizava os cultos do outro lado da rua. Guilherme animava os bailes e festanças da região com sua alegria e sua sanfona. Deus tinha um plano grandioso para aquele bairro, e usou Juvenal Feliciano para transmitir o Evangelho a Guilherme Oliveira, começa a nascer a Igreja Evangélica Congregacional de Camilópolis. A família de Guilherme também era numerosa. Sua esposa Tereza Alves de Oliveira, a "Tata". Os filhos: Rubens, Julio, Jovita, "Guilhermino", Anatildes, a "Nenê", Dilce a "Tica" e Moacir. Um dia Juvenal resolveu convidar Guilherme e sua família para participar da Escola Dominical; Guilherme aceitou com a condição de Juvenal participar de um dos seus bailes, o que nunca aconteceu. Durante aquele encontro Guilherme, ouvindo os hinos, saiu em busca de sua sanfona para acompanhar aqueles crentes, que louvavam a Deus com tanto entusiasmo. A partir daquele dia acabaram-se os bailes, Guilherme converteu-se a Cristo, e ele e aquela sanfona, apelidada carinhosamente  de "sanfona convertida", porque passou a ser usada exclusivamente para o louvor do nome de Deus, passaram a estar presentes em todas as atividades daquele grupo, que dia a dia ia crescendo e formando a Igreja Evangélica Congregacional de Camilópolis.

[Família Feliciano em frente a residência na rua do centro nº 721,  bem ao centro, sentado destaca-se o pioneiro do trabalho evangelístico em Camilópolis e patriarca da família Feliciano: Juvenal ( de gravata borboleta),
ao seu lado esquerdo, sua esposa Aurora, assentadas, ladeando o casal filhas e noras,
 atrás de pé, filhos e genros, crianças assentadas no chão, a primeira geração de netos]


[Família Oliveira: ao centro, assentado com a sanfona, o patriarca "seu" Guilherme]
O dia 18 de julho de 1948 foi de grande júbilo, pois, nele foi organizada pelas autoridades eclesiásticas competentes a Igreja Evangélica Congregacional de Camilópolis, já tendo como sede o seu atual endereço, Rua Santa Izabel nº 460 - Camilópolis, uma travessa da Rua do Centro, e bem próximo ao local onde os primeiros cultos foram realizados na residência da família Feliciano, em frente a residência da família Oliveira.



3 comentários:

Unknown disse...

A historia se tornou um marco nas nossas vidas. Que alegria a minha de poder rever amigos que um dia foram feitos meus irmãos, que alegria.

Unknown disse...

Que alegria poder ver tanta gente que por muitos anos eu não via...rever fotos onde eu certamente estava. Deus seja louvado pelos grandes feitos que tem realizado em nossas vidas. Obrigado Josemar.

osvaldo antonio dadico disse...

Que benção rever estas famílias com as quais tivemos a honra de conviver e aprender muito do que hoje somos.
Osvaldo Antonio Dadico